Reflexão: Jo
3,14-21 – IVº Dom / Quaresma – Ano B
“(…) A luz veio ao mundo, mas os homens preferiram as trevas à luz, porque
suas ações eram más. Quem pratica o mal tem ódio da luz, e não se aproxima da
luz, para que suas ações não sejam desmascaradas”.
Quem olha
para Jesus crucificado, com os olhos da fé e do amor, vê o quê? Experimentará a
Misericórdia de Deus?Precisamos entender que, para o evangelista João, na cruz
de Jesus se dá também a exaltação, a glorificação do Filho do Homem
(8,28.12,32). Olhar para Jesus crucificado é olhar para quem venceu a morte, e
em seu amor sem medida, entrega para nós torrentes de água viva (4,14).
Não é assim
em grande parte do nosso mundo mediático. “Hoje o mal não se esconde,
mas se mostra, manifesta-se, propaga-se através de ondas midiáticas. (…) Enquanto
isso, nas escuridões, os contemplativos rezam. No silêncio, meditamos. No
silêncio, os mais lindos atos são realizados. É no silêncio, na escuridão, na
noite, que se gestam as grandes ideias. João, eu lhe peço licença. Os bons se
manifestam na escuridão, no silêncio. Os maus querem a visibilidade. Houve uma
grande inversão desde o seu tempo” (JB Libânio).
Ainda que a
visibilidade do MAL (…maldade por corrupção; por perversidade; por injustiça;
por “inocência injustificável”; por qualquer absurdo quotidiano ou cósmico…) a
sua crueldade; a sua terrível visibilidade; não pode conduzir à sua
banalização! Indiferentes nunca. Não nos podemos tornar frios, insensíveis,
pessimistas… ou cépticos irredutíveis. Deixaremos de ser humanos.
Somos
surpreendidos, por isso, com uma frase «fundante», uma frase «alavanca» do
mundo inteiramente renovado: “Pois Deus amou de tal forma o mundo, que
entregou o seu Filho único, para que todo o que nele acredita não morra, mas
tenha a vida eterna”.
O «acreditar[1]» – …que vai chover ou não, como
metáfora de oração num mundo dominado pela Técnica…– não é um
sentimentalismo subjetivo, mas é a adesão a uma pessoa objetiva e concreta que
é Jesus Cristo. À sua maneira de estar na História. O amor do Pai continua a
fazer-se presente no nosso mundo, na nossa história contraditória.
O veneno do
ódio foi perdoado em Jesus, que ao erguer-se na Sua (que é a nossa) Cruz
permanece a Luz no meio da escuridão… abismo de Luz!
Ajudam-nos a
rezar de modo imprevisto e sadio as palavras de Benjamin González Buelta, SJ,: “Nesta
terra, Deus necessita de nossas mãos para abraçar um deprimido, aplaudir um
entusiasta, tirar uma espinha ou para levar uma cruz. A corporeidade de seu
Amor necessita de nosso próprio corpo. É a única maneira como a proximidade de
Deus se pode encarnar hoje entre nós”.
Por: Pedro José, Gafanha da Nazaré/Encarnação, 17-03-2012.
(1) JB Libânio, “Um Outro Olhar”, Volume VII, p. 58; (2)
http://www.ihu.unisinos.br/espiritualidade/comentario-evangelho/500144-quarto-domingo-de-quaresma-evangelho-segundo-sao-joao-314-21,
acesso, 17-03-2012.
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